Atleta olímpica conversa com público sobre planejamento e confiança
A medalhista olímpica no pentatlo moderno Yane Marques participou da programação do Congeps na sexta-feira, 18. “É sempre muito bom contar minha história”, iniciou a conversa no anfiteatro do Instituto Serzedello Corrêa, onde falou sobre passado, presente e futuro. “Agora faz sentido o que minha mãe dizia, que a sorte acompanha os audazes”, avaliou a atleta, ao contar sobre a infância no sertão pernambucano e o primeiro contato com o esporte. Capricorniana disciplinada, viu a “infância típica” de cidade com apenas 30 mil habitantes, “de brincar, correr, soltar pipa”, mudar para uma rotina mais agitada de “pegar ônibus para caminhos que antes fazia a pé”, na capital Recife (PE) dos anos 1990.
Na nova moradia, começou a praticar vôlei, o que mantém até hoje como lazer. Encantou-se ao conhecer a natação, e em 2003 veio o primeiro contato com o pentatlo. De cara disse “não”, mas o técnico a inscreveu em uma seleção e daí ela fincou o pé em uma modalidade. “Acabou! Me apaixonei”, disse sobre o esporte que une força e velocidade. Na esgrima, por exemplo, “tenho um minuto pra resolver minha vida”. No hipismo, tem que conquistar o cavalo, sorteado para o atleta apenas na hora da competição. “É difícil, mas nada resiste ao treinamento”, pontuou. E ainda tem corrida, tiro ao alvo e corrida, e tudo isso para somar pontos. E no que pode resultar? “Quem não entendeu vai entender agora. Vamos nos emocionar juntos”, contou antes de mostrar vídeo de uma de suas maiores conquistas, nas Olimpíadas de Londres em 2012. Sacou a medalha de bronze, se deixou fotografar e ser tietada. “Trouxe a medalha porque ela é nossa!”, disse.
E narrou outros pódios que fizeram sua história, como ouro nos Jogos Pan-americanos de 2007 no Rio de Janeiro, e de 2015 em Toronto (Canadá), além do topo de campeonatos mundiais e a marca de maior atleta brasileira no pentatlo durante 11 anos. De forma especial, citou a eleição por voto popular para ser a porta-bandeira brasileira na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016.
Para os congressistas, entre eles servidores do Instituto Nacional do Seguro Social e Ministério do Trabalho e Previdência, Yane apresentou os profissionais com quem trabalhou por décadas e frisou: “apesar de ser uma atleta individual, eu não teria chegado tão longe sem meu time”. Ela destacou a necessidade de confiança entre treinadores e atletas, e a importância de planejamento. “O sucesso está no planejamento. Acertar no planejamento é a única chance do sucesso, e quanto mais eu treino mais chances eu tenho”, disse.
Yane mostrou o mapeamento de suas preparações, e convidou o público a simular treino de tiro ao alvo com pistola de laser. Citou fases do planejamento, inclusive sobre descansos e férias ativas, mantendo atividades como correr sem compromisso. Em época de treinos, o atleta se exercita também de forma mental, como ver vídeos de montarias de cavalos e mentalizar percursos de provas. “Fazer além do básico, do que foi prescrito, é algo que se repete entre os medalhistas olímpicos. Pra ser diferente, conquistar, precisa fazer mais”, observou. A atleta falou ainda sobre dificuldades e perseveranças: dores físicas, pensamentos sabotadores, necessidade de investimento em carreiras, e ainda assim “estamos aqui porque temos objetivos”.
Em novos desafios como gestora, a partir de 2017, Yane passou a andar no meio de gente engravatada, “assinando folhas que podem mudar muitas vidas”. Como secretária municipal de Esportes e presidente da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Brasileiro, fomenta projetos de incentivo a práticas esportistas, principalmente entre jovens. “Investir em esporte é investir em saúde, educação, combate às drogas. Como gestora, posso mudar vidas através do esporte, como aconteceu com a minha”, disse, acrescentando que também no meio executivo, para avançar, depende de uma equipe.
Para os congressistas, Yane recomendou reflexões como o que fazer além do básico, o que por sua vez não precisa ser impossível. Ter concorrentes, e crescer com eles de forma honesta, também foi uma dica, junto com ter planos futuros. Respondeu perguntas como da congressista Glenda Fellipe, que contou ser enxadrista e deficiente visual. “Tem que confiar, estar preparado. Eu me preparei. Quem quiser vir, venha, porque eu vou”, finalizou sobre treino e confiança.
A conversa com a atleta fez parte do momento “Jogando com a vida”, no último dia do Congeps. O evento é uma realização do INSS e Ministério do Trabalho e Previdência, com correalização do Tribunal de Contas da União (TCU), e conta com o patrocínio da Dataprev, Correios e Anasps.